O alerta é deixado num estudo coordenado por Maria Margarida Ataíde Ribeiro, docente da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco e investigadora o Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia no artigo “Genetic diversity and divergence at the Arbutus unedo L. (Ericaceae) westernmost distribution limit”, que acaba de ser publicado na revista PLOS ONE.
(http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0175239)
 O estudo, realizado ao abrigo de um projeto da Fundação para a Ciência e da Tecnologia (FCT) “ARBUTOS” (com inicio a 1 de abril de 2013 e términus a 30 de junho de 2015), permitiu detetar no nosso país, três zonas de medronheiro homogéneas do ponto de vista genético e distintas umas das outras: a zona norte, centro e sul. Foi, ainda, encontrado um medronhal perto da Serra de São Mamede, muito diferente dos outros estudados.
Tendo em conta estas características genéticas os investigadores deixaram os seguintes alertas:
1)  para se constituírem novos povoamentos de medronheiro, a semente deve ser recolhida dentro das regiões homogéneas. Não devem ser trazidas, por exemplo, sementes do sul para o centro do país. Foi o que aconteceu com o pinheiro bravo em Portugal. Um estudo feito pela mesma investigadora demonstrou que a florestação feita em larga escala com penisco de origem desconhecida apagou completamente a pegada genética nesta espécie. Não deve por isso ser usada semente de origem desconhecida.
2) o uso de clones deverá ser feito também dentro das regiões homogéneas. E, ainda, deverão ser selecionados indivíduos para serem incluídos na população de melhoramento nos medronhais com diversidade genética mais elevada.
3) as populações que mais se diferenciam e as mais diversas, do ponto de vista genético, deverão ser consideradas para conservação, devido ao impacto do futuro aquecimento global, ao aumento previsto de fogos florestais, à fragmentação do coberto vegetal do território e ao processo de domesticação em curso.
Os autores do estudo recomendam, assim, uma estratégia de conservação da espécie baseada na diversidade genética dos medronhais e uma cuidadosa transferência de sementes dentro das regiões geneticamente homogéneas: norte, centro e sul do país.
Este artigo refere, ainda, que o medronheiro tem vindo a ter muita procura pelos produtores florestais, devido à produção de fruto e às suas múltiplas aplicações, para além da produção de aguardente. No entanto, as florestas mediterrâneas são ecossistemas frágeis e vulneráveis ao recente aquecimento global, com consequências a médio e a longo-prazo de aumento da aridez e das áreas ardidas pelos fogos florestais.

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