Veio a lume, sob a chancela da Imprensa Nacional – Casa da Moeda, A Relíquia, o vigésimo volume da Edição Crítica das Obras de Eça de Queirós. O romance queirosiano de 1887, agora em Edição de Carlos Reis e Maria Eduarda Borges dos Santos, docente da Escola Superior de Educação do IPCB, faz parte de um projeto de investigação mais abrangente do Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra, o da Edição Crítica das Obras de Eça de Queirós, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e coordenado por Carlos Reis, Professor Catedrático da Faculdade de Letras dessa Universidade.

A docente do IPCB, enquanto membro integrado do referido Centro de Literatura Portuguesa, colaborou na revisão e fixação do texto, bem como na elaboração da história do romance propriamente dito, patente na “Introdução” ao atual volume (pp. 17-71), história essa “entendida como contributo decisivo para incutir segurança e fundamento àquela revisão” (Nota prefacial, p.11).

A Relíquia, para além de se apresentar como uma obra que se coloca na “linha da literatura e do pensamento anticlericais, muito férteis no século XIX, e que diretamente se relaciona com as resistências e com as contradições que a laicização da vida pública portuguesa enfrentou, desde o advento do Liberalismo” (ibidem), liga-se igualmente a uma história de cariz pessoal, a da viagem realizada pelo próprio Eça ao Egito e à Palestina. Recorde-se que, à época, ainda se faziam sentir as influências românticas que apelavam ao conhecimento dos lugares exóticos onde o Cristianismo encontra as suas origens, aspeto que favoreceu claramente uma narrativa em que o escritor, com a sua acutilante ironia, lançou “sobre a nudez forte da Verdade – o manto diáfano da Fantasia”.

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